QUANDO AMAMOS NOSSOS OPOSITORES, SOMOS INFUNDIDOS POR DEUS, ATRAVÉS DO ESPÍRITO SANTO
O texto do Evangelho leva-nos à seguinte reflexão: existem, no nosso universo, diversas formas de amor e podemos afirmar que até os animais, de certa maneira, “se amam” e demonstram, a seu modo, o afeto que têm uns pelos outros. Assim, as mães animais sempre “amam” os filhotes e muitas vezes o pai também.
No âmbito humano, o amor se difunde como que por irradiação. Existem diversas maneiras de amar. Há o amor conjugal entre marido e mulher, o amor de pai para filho ou de filho para pai e o amor de amizade nos mais variados graus. Todos esses são amores naturais. É naturalmente que o esposo ama sua esposa e vice-versa; é naturalmente que a mãe ama o fruto de suas entranhas. Da mesma maneira, amigos se amam e se querem bem.
Mas a sublimidade deste texto está em elevar a nível insuspeitável a caridade, ordenando-nos que amemos até mesmo o antipático, o opositor, o inimigo, aquele que gostaria que nós desaparecêssemos de suas vistas. Esse amor não é natural. Esse amor, quando existe de fato num coração cristão, é ali diretamente infundido por Deus, através do Espírito Santo; esse amor depende totalmente de Deus, porque quem ama seus opositores, inimigos, as pessoas antipáticas, aqueles que lhe fazem o mal, coloca-se na altura de Deus e a Ele se assemelha, porque Deus os ama também.
Repito, quando nós os amamos, permitimos que Deus lhes faça o bem através de nós mesmos; são poucos aqueles que resistem a todas as formas de amor. Se não temos outra maneira de nos relacionar com nossos opositores, tentemos conquistá-los, amando-os sem cessar.
Uma primeira maneira de tentar superar a antipatia é considerar a pessoa antipática do mesmo modo como nos consideramos, ou melhor, somos considerados por outros. Normalmente, elas não são nem melhores, nem piores do que nós; são apenas opostas e podemos encontrar em nós os mesmos defeitos que nelas acusamos.
Uma segunda maneira de superar a antipatia é tomar conhecimento do seguinte: se desconhecemos até mesmo nossa psicologia profunda e as raízes últimas de reações espontâneas, que conhecimento temos da psicologia do outro? Se nos escapa o conhecimento das raízes de nossa emotividade, que conhecemos dessas mesmas raízes em outros corações?
Uma terceira maneira de se superar o problema é esta: temos consciência de ter cometido muitos erros e nem sempre atribuídos à ignorância. Contudo, nós nos perdoamos facilmente. Não poderíamos, da mesma forma, perdoar aos demais?