Reforma da Igreja começa no coração de cada um
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 5 de novembro 2010 (ZENIT.org) – Bento XVI instou a reformar a Igreja começando por cada um de seus membros e detalhou algumas indicações para levar a cabo esta necessária purificação, propondo o exemplo de São Carlos Borromeu.
Esta foi a mensagem dirigida ao arcebispo de Milão, cardeal Dionigi Tettamanzi, por ocasião do quarto centenário da canonização deste santo, divulgada ontem pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
"Em tempos escurecidos por numerosas provas para a comunidade cristã, com divisões e confusões doutrinais, com a opacidade da pureza da fé e dos costumes e com o mau exemplo de vários ministros sagrados, Carlos Borromeu não se limitou a deplorar ou a condenar, nem simplesmente a desejar a mudança nos outros, senão que começou a reformar sua própria vida", destacou.
Em concreto, abandonou as riquezas e as comodidades e encheu sua vida de oração, penitência e dedicação amorosa ao seu povo, e viveu de maneira heroica a pobreza, a humildade e a castidade, em um contínuo caminho de purificação ascética e de perfeição cristã, afirmou o Pontífice.
Bento XVI escreveu que este santo "era consciente de que uma reforma séria e confiável deve começar precisamente pelos pastores, para que tenha efeitos benéficos e duradouros em todo o povo de Deus".
Fontes da santidade
"Nesta ação de reforma, ele soube recorrer às fontes tradicionais e sempre vivas da santidade da Igreja Católica", continuou.
E enumerou essas fontes: a centralidade da Eucaristia, a espiritualidade da cruz, frequentar com assiduidade os sacramentos, a Palavra de Deus meditada, lida e interpretada na Tradição e no amor e devoção ao Papa.
O Pontífice também sublinhou que a conversão de cada membro da Igreja a Deus é a "primeira e mais urgente exigência" em todas as épocas.
Reconheceu novamente que, hoje, a comunidade eclesial "se mostra necessitada de purificação e reforma" e que não lhe faltam "provas nem sofrimentos".
Neste sentido, desejou "que o exemplo de São Carlos nos impulsione a começar sempre partindo de um sério compromisso de conversão pessoal e comunitária, a transformar os corações, crendo com firme certeza no poder da oração e da penitência".
Dos presbíteros e diáconos, o Papa desejou especialmente "uma fé limpa e uma vida sóbria e pura"; e os instou a "fazer de sua vida um valente caminho de santidade, a não temer a exaltação desse amor confiado em Cristo, pelo qual o bispo Carlos esteve disposto a esquecer de si mesmo e a deixar todo o resto".
A caridade contagia
Em sua mensagem, o Bispo de Roma destacou que "a extraordinária obra de reforma que São Carlos realizou nas estruturas da Igreja" nascia de sua vida santa e conformada cada vez mais segundo Cristo.
"Admirável foi sua obra de guia do povo de Deus, de meticuloso legislador, de genial organizador", indicou.
Também recordou que, durante seu episcopado, sua diocese "se sentiu contagiada por uma corrente de santidade que se propagou a todo o povo" e isso foi possível graças ao "ardor da sua caridade".
"Onde existe a experiência viva do amor, revela-se o rosto profundo de Deus que nos atrai e nos torna seus", afirmou o Papa.
Bento XVI convidou a fazer "da Eucaristia o verdadeiro centro das nossas comunidades" e assegurou que "toda obra apostólica e caritativa extrairá vigor e fecundidade desta fonte".
O Pontífice concluiu sua mensagem renovando seu convite aos jovens à santidade: "Deus vos quer santos, porque vos conhece profundamente e vos ama com um amor que supera toda compreensão humana".
E acrescentou: "Vós, queridos jovens, não sois somente a esperança da Igreja; vós já fazeis parte do seu presente! E se tiverdes a audácia de acreditar na santidade, sereis o maior tesouro da vossa Igreja ambrosiana, que foi construída sobre santos".(Zenit)