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Vaticano lembra vítimas do tráfico humano

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O Vaticano apelou à defesa das vítimas de tráfico e contrabando de seres humanos, pedindo uma maior intervenção da comunidade internacional em favor das pessoas atingidas por esta “ofensa ultrajante” à sua dignidade.

“As vítimas foram enganadas a respeito das suas atividades futuras e já não são livres de decidir a respeito da sua própria vida. Acabam em situações semelhantes à escravidão ou à servidão, das quais é muito difícil fugir”, alerta o novo documento de orientações pastorais “Acolher Cristo nos refugiados e nas pessoas deslocadas à força”.

O texto, apresentado esta manhã, foi elaborado pelo Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes (CPPMI) e o Conselho Pontifício ‘Cor Unum’, responsável pela coordenação das organizações caritativas na Igreja Católica.

O presidente do CPPMI, cardeal Antonio Maria Vegliò, disse em conferência de imprensa que este tráfico é uma “chaga vergonhosa” para a humanidade, recordando as pessoas “exploradas de forma ignóbil”.

O responsável elencou, em particular, as situações ligadas à chamada “indústria do sexo”, o trabalho forçado em vários setores, o recrutamento de crianças para conflitos armados e o “tráfico para transplante de órgãos”.

As orientações da Santa Sé sustentam que a abordagem centrada em “políticas de imigração mais rígidas, controlos fronteiriços mais rigorosos e luta contra o crime organizado” é “insuficiente” para prevenir o tráfico de seres humanos.

“As iniciativas anti-tráfico deveriam também ambicionar a desenvolver e oferecer perspetivas reais de fuga do ciclo da pobreza, do abuso e da exploração”, referem os Conselhos Pontifícios que apresentam o documento.

O Vaticano realça que a proteção e os programas destinados às vítimas exigem “políticas integradas, que ponham em evidência o seu bem-estar e os seus interesses”.

“As mulheres vítimas do tráfico e sexualmente exploradas são dignas de uma tutela especial: têm necessidade de uma autorização de residência para começar uma nova vida”, pode ler-se.

A Santa Sé observa, por outro lado, que em muitos casos o trabalho forçado “está ligado à discriminação, à pobreza, aos costumes, à desintegração familiar e social, à falta de terra e ao analfabetismo da parte das vítimas”.

No documento alude-se ainda à realidade do “contrabando de pessoas” que procura “fazer uma pessoa entrar irregularmente num país, contornando as leis de migração”.

“Às vezes a situação chega a tal ponto, que os contrabandistas não apenas escolhem o país de destino, mas também se aproveitam do elevado risco que as pessoas correm, quando são introduzidas ilegalmente num determinado país. Em tal situação, o contrabando torna-se tráfico”, avisa o Vaticano.

O documento realça que a Igreja Católica tem procurado estar perto das vítimas do tráfico humano, para que estas possam “alcançar a sua dignidade humana, trabalhando produtivamente e assumindo os direitos e deveres” do país de acolhimento, sem esquecer “a sua vida espiritual”.

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