Vaticano sai do prejuízo e tem saldo de 10 milhões de euros
A Santa Sé revelou que as suas contas de 2010 registaram um resultado positivo de quase 10 milhões de euros, enquanto que a Cidade-Estado do Vaticano teve um proveito de 21 milhões.
A diferença entre os 245 milhões de euros que entraram e os 235 que saíram dos cofres da Santa Sé representa uma melhoria face a 2009, ano em que se registou um défice de 12 milhões.
O balanço de 2010 acentua “a tendência positiva evidenciada no exercício de 2009, que, por sua vez, já absorvia os efeitos negativos derivados da forte crise financeira de 2008”, refere a nota de imprensa da Santa Sé, que recorda os “elementos de incerteza e instabilidade que a situação económico-financeira mundial ainda apresenta”.
Os custos devem-se “na maior parte às despesas ordinárias e extraordinárias” dos organismos do Vaticano, indica o comunicado, adiantando que a 31 de dezembro de 2010 havia 2806 empregados dependentes da Santa Sé, mais 44 do que na mesma data do ano anterior.
Por seu lado, a Cidade-Estado do Vaticano fechou o ano com um saldo positivo de 21 milhões, resultado que se deve sobretudo ao crescimento do número de visitantes dos museus, “em contraciclo à crise do setor turístico mundial”, bem como à “recuperação dos mercados financeiros”.
A nota de imprensa sublinha que o governo da Cidade-Estado do Vaticano tem uma administração “independente dos contributos provenientes da Santa Sé ou de outras Instituições, e provê autonomamente às exigências económicas e à gestão territorial”, fornecendo as “estruturas de apoio à Sé Apostólica”.
O texto realça o “empenho” da administração na “manutenção e conservação daquele que, com razão, pode ser considerado um dos mais importantes patrimónios histórico-artísticos da humanidade”, referindo ainda que a Cidade-Estado tinha 1876 trabalhadores no último dia de 2010, menos 15 do que a 31 de dezembro de 2009.
Depois de indicar que os balanços foram, “como habitualmente”, submetidos a “verificação e certificação”, a Santa Sé informa que as doações relativas ao “Óbolo de São Pedro” em 2010 ultrapassaram os 67 milhões de dólares norte-americanos (USD), verba menor do que a reunida no ano anterior.
O fundo é constituído pelo conjunto de ofertas entregues ao Papa pelas Igrejas particulares, comunidades religiosas, fundações e fiéis em nome individual, sobretudo durante a festa de São Pedro e São Paulo, que a Igreja Católica assinala a 29 de junho.
Os membros do Conselho de Cardeais para o Estudo dos Problemas Organizativos e Económicos da Santa Sé, reunidos no Vaticano para aprovar as contas de 2010, agradeceram às instituições e particulares que apoiaram "a solicitude pastoral e caritativa do Santo Padre, sobretudo em situações de calamidade e emergência em várias partes do mundo”.
A contribuição dos bispos para a Santa Sé, que deve ser feita de acordo com as possibilidades das dioceses, rendeu em 2010 cerca de 27 milhões de euros, um decréscimo comparativamente a 2009.
O Instituto para as Obras Religiosas, entidade do Vaticano cujo estatuto se assemelha ao de um banco e que tem por objetivos o apostolado religioso e caritativo, além da administração dos bens das instituições católicas, doou 55 milhões de euros ao Papa, informa a nota de imprensa.