“A Igreja avança entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus”, diz Papa Francisco
O papa Francisco reiterou a essência cristocêntrica da Igreja Católica Romana.
"Obrigado, porque eu me sinto bem acolhido por vocês", disse Francisco aos cardeais ao começar a homilia. Logo em seguida, o Santo Padre abordou a natureza profunda da Igreja e o sentido do martírio.
"A identidade cristã não é uma carteira de identidade", explicou; ela se situa no "pertencer à Igreja Mãe". Por isso, acrescentou o papa, "encontrar Jesus fora da igreja não é possível". Citando Paulo VI, Francisco prosseguiu: "É uma dicotomia absurda querer viver com Jesus sem a Igreja, seguir Jesus fora da Igreja, amar Jesus sem a Igreja".
Comentando a primeira leitura (At 11,19-26), o Santo Padre disse que "justo no momento em que a perseguição se desencadeia, também se desencadeia a natureza missionária da Igreja", que avança "em meio às perseguições do mundo e às consolações de Deus", sempre a meio caminho “entre a cruz e a ressurreição”.
Aqueles que seguem este caminho "não erram", declarou o pontífice. É uma estrada, no entanto, que não tem nada a ver com o "caminho do mundanismo", que se percorre "negociando com o mundo", do qual a única consolação obtível é puramente "humana" e "superficial".
A Igreja imprime em seus filhos "a identidade da fé", mas, se não formos "ovelhas de Jesus", a fé não criará raiz, ou, no máximo, permanecerá "sem substância".
Um último aspecto destacado pelo papa diz respeito à evangelização. Na primeira leitura, São Barnabé expressa a "doce e confortadora alegria de evangelizar", que acompanhava a coragem de todos os primeiros cristãos, capazes de "anunciar Jesus para os gregos, o que na época era escandaloso".
Da mesma forma, nós também devemos pedir ao Senhor um "zelo apostólico que nos impulsione a seguir em frente", levando o nome de Jesus "até o seio da Santa Mãe Igreja, como dizia Santo Inácio, ‘hierárquica e católica’", concluiu o Santo Padre.
No início da missa, o cardeal decano Angelo Sodano dirigiu seus cumprimentos ao papa Francisco pelo dia do seu onomástico, pedindo, para o papa e para os cardeais presentes, "o dom da fortaleza cristã que o Espírito Santo derramou nos mártires de todos os tempos".
Sinteticamente, Sodano traçou depois o perfil do santo do dia: deixando de lado a couraça militar, São Jorge “vestiu a couraça da fé e do amor” e doou seus bens aos pobres, dando testemunho da sua fé até o martírio.
“Junto com Sua Santidade, Santo Padre”, continuou Sodano, “imploraremos o dom da fortaleza cristã para aqueles que ainda hoje sofrem por causa da fé, assim como no tempo de São Jorge. Poucos dias atrás, Sua Santidade nos lembrou que o tempo dos mártires não terminou ainda. Ó Senhor, por intercessão de São Jorge, sustentai a nossa fraqueza e fazei brilhar sobre nós o vosso poder".