A IGREJA CONTRA OS ERROS MODERNOS – POR CARDEAL GIUSEPPE PIZZARDO
Durante o pontificado de Pio XII, a Santa Sé, por intermédio do então Prefeito da Sagrada Congregação dos Seminários e das Universidades, Cardeal Giuseppe Pizzardo, emitiu uma carta ao episcopado brasileiro, que versava a respeito da reta formação do clero. Na carta, dentre outras coisas, são condenados o laicismo, o liberalismo e a liberdade religiosa. O documento afirma que o cristão que compactua com esses princípios e doutrinas trai a fé católica.
''Entre os mais graves erros dos tempos modernos, deve-se enumerar o laicismo, que mira excluir a Igreja e os seus mais altos representantes da direção da vida pública e social, reservando-a unicamente aos leigos. Excogitado pelos inimigos da Igreja, o laicismo difundiu o seu espírito também entre os católicos, os quais veem constrangidos a intervenção da Hierarquia Eclesiástica na vida concreta dos povos e relegariam, de muito boa vontade, a atividade dos sacerdotes às igrejas e às sacristias. Desejariam, também, que o ensinamento evangélico se atuasse por via de máximas genéricas, sem jamais descer às aplicações específicas práticas da verdade cristã acerca dos vivos problemas da família, da escola, da justiça social, da paz internacional e da própria liberdade pessoal do homem. (…)
Um outro erro, igualmente condenado pela Igreja, deve ser evitado pelo cristão: o Liberalismo. Ele nega que a Igreja, em razão do seu nobilíssimo fim e da sua divina missão, tenha uma natural supremacia a respeito do Estado. Admite e encoraja a separação entre os dois poderes. Nega à Igreja Católica o poder indireto sobre as matérias mistas. Afirma que o Estado deve mostrar-se indiferente em matéria religiosa, no que respeita a todos os fiéis; que se deve conceder a mesma liberdade à verdade e ao erro; que à Igreja não cabem privilégios e favores ou direitos maiores do que os concedidos às demais confissões religiosas, nem sequer nos países católicos; que a Ação Católica não tem direito de intervir nas questões temporais e civis, nem mesmo quando estas tocam os interesses supremos da religião e as finalidades próprias da Igreja. Ora deve-se ter presente, hoje como no passado, que, onde as circunstâncias o aconselharem, se poderá usar de tolerância para com as falsas religiões e as falsas doutrinas, mas que onde tais circunstâncias não se verificam, devem ser mantidos os direitos da verdade e os homens devem ser preservados do erro. O cristão que fala diversamente trai a sua fé, dá força ao indiferentismo e priva os seus concidadãos do benefício que lhes oferece o culto e o amor da verdade.''
Cardeal Giuseppe Pizzardo, Prefeito da Sagrada Congregação dos Seminários e das Universidades. ''Carta ao episcopado brasileiro: Sobre o modo como se deve prover à reta formação do clero''. Roma, 7 de Março de 1950.