Bento XVI considera errado dizer que o Papa é infalível
O Papa Bento XVI considera errado afirmar que é infalível, pois mesmo o hierarca máximo da Igreja Católica também se equivoca. A declaração se soma à justificativa que fez do uso de preservativos "em alguns casos". Ambas estão no livro-entrevista do escritor Peter Seewald, baseado em entrevistas com o líder. A obra será lançado na próxima terça-feira, mas teve algumas páginas divulgadas neste domingo pela imprensa italiana e alguns trechos publicados um dia antes pelo jornal vaticano L''Osservatore Romano.
Perguntado se "o Papa é verdadeiramente infalível, um soberano absoluto, cujo pensamento e vontade são lei", Bento XVI afirma que "isso é um equívoco". Para ele, o Papa se comporta "como qualquer outro bispo", salvo em determinadas condições, "quando a tradição é clara e se sabe que não se atua arbitrariamente".
"Obviamente, o Papa pode se equivocar. Ser Papa não significa se considerar um soberano cúmulo de glória, mas alguém que dá testemunho de Cristo crucificado". A infalibilidade do Papa, aprovada pelo Concílio Vaticano I, é um dos pontos que separam as Igrejas Católica e Ortodoxa.
Bento XVI, primeiro a justificar o uso do preservativo "em alguns casos", também disse que nunca pensou que seria eleito Papa e, embora Deus lhe dê forças para seguir adiante, ele nota que ao 83 anos "as forças vão diminuindo".
Além de ser o primeiro Papa a justificar o uso do preservativo "em alguns casos", Bento XVI enfrenta no livro outros aspectos do Pontificado, da Igreja, de sua vida e do momento de sua eleição.