Chefe do Banco do Vaticano promete linha-dura com contas suspeitas
O Banco do Vaticano está verificando as contas de cada cliente, inclusive os empregados da Santa Sé, disse seu novo diretor, como parte de uma campanha para acabar com a lavagem de dinheiro em uma instituição que há décadas está propensa a escândalos.
O antecessor de Ernst von Freyberg foi demitido por falhas de gestão, e o órgão de fiscalização financeira do Vaticano disse na semana passada que está investigando seis possíveis tentativas de usar a Santa Sé para lavar dinheiro em 2012.
Em entrevista publicada no jornal "Corriere della Sera", Freyberg, no cargo desde fevereiro, disse que o Instituto para as Obras da Religião (IOR) – o nome oficial do banco – está revendo a situação de todos os seus 18,9 mil clientes, ao ritmo de cerca de mil contas por mês, afirmou.
O objetivo é ver se todos os titulares tinham o direito de abrir contas no Vaticano, identificar quem tem autoridade para movimentar as contas, e eliminar eventuais suspeitas.
"Esse é um sistema de tolerância zero: nenhuma transação suspeita, nenhum cliente impróprio, e a decisão de contestar qualquer um que tiver se envolvido em atividades impróprias, mesmo se forem nossos próprios empregados", afirmou.
A principal função do banco é guardar depósitos para departamentos da Santa Sé, para entidades católicas beneficentes e para ordens religiosas do mundo todo. Mas, em várias ocasiões, a instituição foi indevidamente usada por terceiros.
O Vaticano vem tentando cumprir as regras internacionais a respeito do combate ao financiamento de ativistas terroristas, lavagem de dinheiro e evasão fiscal, mas o Moneyval (comissão europeia de combate à lavagem de dinheiro) disse em junho que o IOR ainda tem um caminho considerável a percorrer.
O Vaticano promete fazer mudanças, e irá apresentar em dezembro um relatório sobre os progressos feitos a partir das recomendações do Moneyval.
O IOR já contratou o Promontory Financial Group, dos EUA, como consultor para questões regulatórias, e o Vaticano assinou um memorando de entendimento com o FinCen, agência dos EUA que monitora transações financeiras suspeitas.
Freyberg disse que o banco lucrou 86,6 milhões de euros (US$ 113 milhões) em 2012, resultado melhor do que a média de 69 milhões de euros (US$ 90 milhões) nos três anos anteriores. Aparentemente, é a primeira vez que o banco divulga seus lucros. O valor é totalmente revertido para atividades da Igreja Católica.