Papa Francisco planeja visita à Grécia na próxima semana para apoiar refugiados
O papa Francisco pode visitar a ilha grega de Lesbos na próxima semana para manifestar sua solidariedade aos refugiados, que multiplicam os pedidos de asilo após os primeiros reenvios de migrantes à Turquia.
A Igreja ortodoxa da Grécia anunciou nesta terça-feira que o Papa expressou este desejo, afirmando que já havia dado sua aprovação a uma visita do pontífice a Lesbos, principal porta de entrada dos refugiados e migrantes à Europa desde janeiro de 2015.
Em um comunicado, o Santo Sínodo da Igreja, o órgão colegiado diretor, acrescentou que também havia convidado o chefe espiritual dos ortodoxos, o patriarca ecumênico Bartolomeu I, "para que honre Lesbos com sua presença no dia da visita do papa Francisco".
Embora o anúncio não informasse a data da viagem papal, segundo o site especializado dogma.gr a visita pode ocorrer em 15 de abril.
Três mil migrantes estão atualmente na ilha de Lesbos, a maioria no campo de Moria, à espera de serem reenviados à Turquia, conforme o acordo assinado entre a União Europeia e Ancara para diminuir o fluxo migratório.
O porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, "não negou que existam contatos" em curso para uma visita do Papa, que criticou em 27 de março "a rejeição" dos migrantes e refugiados "por aqueles que poderiam oferecer acolhida e ajuda", em uma nova e amarga crítica às sociedades ocidentais, especialmente europeias, que fecham suas fronteiras.
De acordo com o comunicado da Igreja grega, o chefe da igreja ortodoxa da Grécia, Monsenhor Jerônimo, foi informado "do desejo do papa Francisco de viajar à Grécia" para "sensibilizar a comunidade internacional sobre a necessidade de um cessar-fogo imediato nos conflitos" no Oriente Médio e "ressaltar a gravidade do grande problema humanitário" que o fluxo de refugiados representa.
Na segunda-feira, três barcos partiram rumo à Turquia com pelo menos 202 imigrantes que estavam nas ilhas gregas de Lesbos e Chios, como parte do polêmico acordo assinado em 18 de março passado.
Segundo uma fonte oficial turca, não está prevista nenhuma expulsão nesta terça. Mas as operações serão retomadas na quarta, com 200 pessoas partindo de Lesbos para o porto turco de Dikili, o que Atenas ainda não confirmou.
As expulsões serão retomadas quando tivermos "um número suficiente" de migrantes e se as autoridades turcas aprovarem, disse à AFP Giorgos Kyritsis, porta-voz do Serviço Grego de Coordenação da Política Migratória (SOMP).
O acordo UE-Turquia prevê que todas as pessoas que chegarem à Grécia depois de 20 de março e que não apresentarem um pedido de asilo podem ser expulsas do país.
Por esta razão, muitos migrantes pediram asilo nos últimos dias na Grécia. Mais de 2.300 demandas foram registradas nesta terça, de um total de 6.000 migrantes visados pelo acordo e atualmente retidos nas ilhas gregas (Lesbos, Chios, Kos, principalmente), indicou à AFP Philippe Leclerc, representante na Grécia do Alto Comissariado para os Refugiados da ONU.
Em Quios, a situação é caótica com a recusa de vários migrantes e refugiados de retornar ao campo de retenção de Vial, de onde são organizadas as expulsões.
Muitos deles, quase 600, segundo a imprensa local, fugiram na sexta-feira do campo após confrontos entre grupos de migrantes e as autoridades, que tentam convencê-los a retornar ao campo.
"Estas pessoas não podem ficar na cidade", disse Giorgos Kyritsis, que, no entanto, descartou uma intervenção policial.
Além das pessoas abrangidas pelo acordo UE-Turquia, 46.000 outros migrantes que chegaram antes de 20 de março seguem bloqueados na Grécia, e 225 outros desembarcaram desde segunda-feira na costa grega, de acordo com as autoridades locais.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 172.089 migrantes chegaram à UE por via marítima desde 1º de janeiro.