Papa pede perdão por abusos na Bélgica, mas é cobrado por premiê por ações concretas
O Papa Francisco pediu perdão pelos abusos sexuais cometidos por padres e outros membros do clero, durante visita à Bélgica, país chacoalhado por escândalos de pedofilia dentro da Igreja Católica.
“Irmãos e irmãs, essa é a vergonha! A vergonha pela qual todos nós temos de pedir perdão e resolver o problema: a vergonha dos abusos, dos abusos contra menores”, disse o pontífice em discurso para autoridades belgas, incluindo o rei Philippe e o premiê Alexander De Croo.
“Na Igreja, temos de pedir perdão por isso. Essa é nossa vergonha e nossa humilhação”, acrescentou o Papa.
Pouco antes, o monarca da Bélgica reconheceu os esforços da Santa Sé para combater a pedofilia, mas lamentou que tivesse sido necessário “tanto tempo” para que os “gritos” das vítimas fossem ouvidos e considerados.
Já De Croo foi mais duro e alertou que a Igreja “não pode abaixar a guarda”. “Não basta falar, é preciso dar passos concretos e fazer todo o possível. Temos de obter justiça”, cobrou o primeiro-ministro.
Durante o evento, Francisco também admitiu que as adoções forçadas de bebês nascidos de mães solteiras entre os anos 1950 e 1970, com a cumplicidade da Igreja, foram “um crime”. “Houve casos em que algumas mulheres não tiveram a possibilidade de escolher entre ficar com a criança ou entregá-la para adoção”, lamentou.
A credibilidade da Igreja na Bélgica foi abalada nos últimos anos por denúncias de abusos sistemáticos cometidos por membros do clero, casos muitas vezes acobertados durante décadas por dirigentes católicos. Em 2010, o então bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, conseguiu renunciar sem sofrer punições depois de ter admitido que abusara sexualmente de um sobrinho menor de idade por 13 anos.
Vangheluwe, no entanto, só foi removido oficialmente do clero em março de 2024.