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REFLEXÕES DA SAGRADA ESCRITURA: A CONSCIÊNCIA CRISTÃ – POR PADRE ÉLCIO MURUCCI

Paramentos Litúrgicos

Todo ato cristão parte do íntimo da alma unida a Deus em conformidade com a Verdade que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim os dois conceitos FÉ e CONSCIÊNCIA CRISTÃ, coincidem perfeitamente. É, pois, a adesão interior a Jesus Cristo que faz nossa fé e nossa consciência. Portanto, quando o cristão unido interiormente a Jesus Cristo, age em desacordo com essa luz divina, peca. É neste sentido que S. Paulo diz: “Tudo o que não é segundo a fé é pecado”. São João Crisóstomo, com todos os intérpretes gregos, ensina que, no texto em apreço, “FÉ” quer dizer “CONSCIÊNCIA”.

Caríssimos, Nosso Senhor Jesus fez sua Igreja com sua hierarquia para ser a luz do mundo e o sal da terra. O Cristianismo é, por essência, uma doutrina sobrenatural da salvação. Seu fim é ensinar ao homem a sua elevação a um destino superior e subministrar-lhe os meios proporcionados à sua consecução. Mas a graça supõe a natureza. É a natureza do homem que é elevada à ordem sobrenatural. É sobre a natureza reta ou retificada que ele poderá realizar a sua missão sobrenaturalizadora. A moral humana e o direito natural só podem desenvolver-se e formular-se em corpo de doutrina pela Santa Madre Igreja. Por isso, onde e na medida em que o racionalismo laicista ou o materialismo ateu tentam banir a doutrina católica, renascem os ídolos pagãos com as suas servidões humilhantes e a pessoa perde sua dignidade. Enquanto os instintos cegos e as paixões indisciplinadas, onde a impureza, a ambição e o orgulho multiplicam os erros e as desordens, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo será o único meio para difundir claridades para o verdadeiro progresso aqui e máxime para as vias que conduzem à Eternidade Feliz. A Igreja de Nosso Senhor Jesus esclarece as inteligências e possui o segredo de energias sobrenaturais capazes de fortalecer a vontade. É ela, e somente ela, que plasma e ilumina as consciências tornando-as certas, retas e delicadas. Sua ação é interior, profunda e eficaz. Na prática do bem a consciência apura-se numa delicadeza e sinceridade que deve ter por testemunha o olhar de Deus. O amor de Jesus Cristo, modelo de perfeição humano-divina, deve introduzir no dinamismo da vida moral dos verdadeiros católicos uma força misteriosa de dedicação e generosidade, chegando mesmo ao heroísmo do martírio. É o fruto da consciência bem formada, é o exercício da virtude exaltada até à santidade.

Mensageira autorizada da verdade e do bem, a Igreja não poderá jamais deixar de testemunhar a verdade de Jesus, assim como jamais poderá eximir-se de ligar as consciências a esta Verdade, sem que pretenda com isso, é óbvio, violentá-las. O que ela quer é a sua adesão não puramente exterior, mas interior. Quando esta adesão interior lhe é resolutamente recusada, a Igreja não força, mas não pode senão implorar a misericórdia divina que converta os recalcitrantes. Nunca será misericórdia abraçar o pecador com o pecado e tudo, no caso de o pecador se recusar a voltar atrás e se converter. A Igreja, a exemplo do Divino Mestre, é missionária, e deve ir à procura do pecador para o converter e não para falsear sua consciência no afã de tranquilizá-la no erro e no pecado. Isto é, sim, monstruosa impiedade: enganar as almas com uma paz que não é a de Jesus Cristo, mas a do mundo. Procurar tirar os pecados das consciências não é fanatismo nem dureza de coração; é simplesmente preocupação de sinceridade e de retidão interior. A Igreja não pode tolerar, nem tem mesmo o direito de fazê-lo, que no número dos seus membros se encontrem católicos que só o sejam de nome. A Igreja Católica, deve ser por excelência, a preservadora e impulsora da moralidade humana. Deve ser o sal da terra para, dando gosto pelas coisas de Deus, preservar a almas e a sociedade da corrupção, seja ela lá de que espécie for. Só o Cristianismo pode ser escola de santos. A graça supõe a natureza, mas uma natureza reta ou retificada. Não será bom católico quem não começar por ser homem honesto.

A Igreja considerou sempre como parte de sua missão divina, elevar e sanear o ambiente moral da família. Se é verdade que, sendo a consciência a regra imediata que se deve seguir, nunca será lícito alguém ir contra ela, não é menos verdade que a intenção de conformar os nossos atos com a regra absoluta, que é a condição essencial do seu valor moral, supõe necessariamente o desejo e a intenção eficaz de a conhecer o mais exatamente possível. Eis porque o erro e a ignorância em semelhante matéria são imputáveis quando provêm da negligência em se instruir ou da prática continuada do mal, que acabou por obscurecer ou falsear a consciência. Assim, toda consciência errônea deve ser endireitada. Portanto, não poderia ser maior a impiedade, por parte de alguém da hierarquia eclesiástica ser o primeiro a exortar a alguém que esteja  procurando esclarecimento, a seguir em frente com sua consciência, ainda que clara e gravemente errônea. Seria a mãe dar uma serpente ao filho que lhe pedisse um peixe; dar uma pedra em lugar dum pão; e pior ainda, dar ao filho doente, em vez de remédio, veneno.

Outrossim, é uma impiedade sem nome, a autoridade suprema da Igreja se recusar a esclarecer as consciências que esta mesma autoridade perturbou com alguma ambiguidade em questões de fé e moral. Devemos pedir a Deus pelos quatro cardeais que apresentaram ao papa os “DUBIA” e por todos os que os estão aprovando, para que continuem firmes na defesa da santa doutrina  de Nosso Senhor Jesus Cristo! Devemos também orar para que o Papa Francisco veja que não se trata de coisas de somenos importância, mas sim da Lei suprema da Igreja que é procurar a salvação das almas. Não se trata, pois, de procurar evitar a extinção de espécies animais, mas trata-se de evitar a extinção da fé nas almas.

Caríssimos, na religião do homem que hoje se procura instaurar, até quanto ao SER MORAL o homem é deus para si mesmo. Nestes tempos calamitosos e faltos de fé, geralmente não se leva mais em conta a LEI de DEUS; já em muitos países são aprovadas leis contra o Decálogo e até contra a natureza, leis nela já insculpidas por Deus desde à criação. E  já foram aprovados por lei,  o divórcio e até o aborto, a sodomia, pecados estes que bradam aos céus exigindo vingança. Não poderia ser maior o falseamento das consciências! As novas gerações acharão natural o que na verdade são monstruosos desrespeitos a Deus. Na míngua de sacerdotes que orientem as almas na verdade e no verdadeiro amor e adoração ao Criador, o mundo caminha no sentido de adorar as criaturas. Realizam-se, sem dúvida, as profecias de Nossa Senhora de La Salette. Não foi sem razão que Nossa Senhora apareceu chorando. E neste ano completam-se 45 anos que a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima derramou lágrimas várias vezes em Nova Orleans nos Estados Unidos.

Feita esta breve exposição, torna-se mais fácil compreender o porquê desta crise atual, crise esta que se estende a todos os campos, desde o religioso até ao econômico. É que o sal perdeu a sua força e não presta para outra coisa senão para ser jogado fora e pisado pelos homens. Apagou-se, ou quase, a luz da fé, a doutrina do Divino Mestre é substituída por novidades fabricadas ao sabor do mundo. A verdadeira Moral é substituída por uma NOVA: é a Moral de Situação.

 

(Por Padre Élcio Murucci)

 

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