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REFLEXÕES DA SAGRADA ESCRITURA: A IDOLATRIA DA POPULARIDADE – POR PADRE ÉLCIO MURUCCI

Paramentos Litúrgicos

“Como dissemos, em outra oportunidade, a impopularidade foi o prêmio do Mestre, depois das atitudes varonis e desassombradas de que Ele nos deu exemplo. Essa impopularidade, que é para muitos a suprema desgraça, o espantalho inspirador da todas as concessões e de todas as retiradas estratégicas, a característica sinistra de todo o apostolado fracassado aos olhos do mundo, foi contra Nosso Senhor tão grande, que chegaram a acusá-lo de malfazejo: “E os pastores fugiram, e, indo à cidade, contaram tudo, e o sucedido com os que tinham estado possessos do demônio. E logo toda a cidade saiu ao encontro de Jesus; e, quando o viram, pediram-lhe que se retirasse do seu território” (S. Mateus, VIII, 3 a 34).

Nosso Senhor predisse como inevitável a existência de inimigos, a seus fiéis de todos os séculos, neste tópico: O irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e lhes darão morte; e vós, por causa do meu nome, sereis odiados por todos” (S. Mateus, X, 19 a 22). Como se vê, é o ódio levado a ponto de suscitar luta feroz contra os seguidores de Jesus.
E as acusações serão terríveis, contra os fiéis! Mas assim mesmo não deverão eles renunciar aos processos apostólicos desassombrados: “Não é o discípulo mais que o (seu) mestre, nem o servo mais que o (seu) senhor. Basta aos discípulo ser como o mestre, e ao servo como o senhor. Se eles chamaram Beelzebub ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?

Não os temais pois; porque nada há encoberto que se não venha a descobrir, nem oculto que se não venha a saber. O que eu vos digo nas trevas, dizei-o às claras; e o que vos é dito ao ouvido, pregai-o sobre os telhados” (S. Mateus, X, 24 a 27).

Como já dissemos, devem os fiéis prezar altamente a estima de seus semelhantes, mas desprezar seu ódio, sempre que este seja fundado em uma aversão à Verdade ou à Virtude. O apóstolo deve desejar a conversão do próximo, mas não deve confundir a conversão sincera e profunda de um homem ou de um povo com os sinais de uma popularidade de superfície. Nosso Senhor fez seus milagres para converter, e não para ser popular: “Este geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio, senão o prodígio do profeta Jonas” (São Mateus, XII, 39), disse Ele indicando com isto que os milagres inúteis à conversão não se realizariam. E, com efeito, se bem que os milagres pudessem valer certa popularidade ao Salvador, era uma popularidade inútil, porque não procedia do desejo de conhecer a Verdade.

Quanto apóstolo tenta, no entanto, o possível e o impossível para ser popular, e a este anelo sacrifica até os princípios! Talvez ignore que perde assim a bem-aventurança prometida pelo Senhor aos que, por amor à ortodoxia e à virtude eram odiados pelos inimigos da Igreja: “Sereis bem-aventurados quando os homens vos amaldiçoarem, vos perseguirem, vos odiarem, vos carregarem de opróbrios e injúrias e repelirem vosso nome com infame. Alegrai-vos e exultai, porque uma grande recompensa vos está reservada no céu”.

Nunca sacrifiquemos, diminuamos ou arranhemos a Verdade, por maiores que sejam os rancores que com isto pesarem sobre nós.  – Nosso Senhor nos deu o exemplo, pregando a verdade e o bem, expondo-se por isto até a ser preso, como vemos: “Por ventura não vos deu Moisés a lei; e, contudo, nenhum de vós observa a lei? Porque procurais vós matar-me? O povo respondeu, e disse: Tu estás possesso do demônio; quem procura matar-te? Jesus respondeu, e disse-lhes: Eu fiz uma só obra, e todos estais por isso maravilhados. Vós, contudo, porque Moisés vos deu a circuncisão (se bem que ela não vem de Moisés mas dos patriarcas), circuncidai-vos, mesmo em dia de sábado, porque vos indignais comigo porque em dia de sábado curei um homem em todo o seu corpo? Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.

“Então, alguns de Jerusalém diziam:  –  “Não é este aquele que procuram matar? E eis que ele fala publicamente, e não lhe dizem nada. Será que os chefes do povo tenham verdadeiramente reconhecido que este é o Cristo? Nós, porém sabemos donde este é; e o Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele seja. E Jesus levantava a voz no templo, ensinando e dizendo: Vós não só me conheceis, mas sabeis donde eu sou; e eu não vim de mim mesmo, mas é verdadeiro, aquele que me enviou, a quem vós não conheceis. Mas eu conheço-o, porque sou dele, e ele me enviou. Procuravam, pois, os Judeus prendê-lo; mas ninguém lhe lançou as mãos, porque não tinha ainda chegado a sua hora (S. João, VII, 19 a 30)”.

(Por Padre Élcio Murucci – Transcrito do livro “Em Defesa da Ação Católica”)

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