Vaticano considera “delirante” documento com plano de assassinato do Papa Bento XVI
O Vaticano classificou de "delirante e fora da realidade" um documento secreto escrito em alemão, segundo o qual o Papa Bento XVI seria assassinado nos próximos meses, e que foi revelado, nesta sexta-feira, pelo jornal italiano Il Fatto Quotidiano.
O jornal de esquerda publicou nesta sexta-feira este documento "muito confidencial", datado de 30 de dezembro e que teria sido entregue pelo cardeal colombiano aposentado Darío Castrillón Hoyos à secretaria de Estado e ao secretário particular de Bento XVI, em janeiro.
"É evidente que o documento contém considerações loucas, desprovidas de toda a realidade", comentou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi à AFP.
"Não nego a existência deste documento em alemão" entregue ao Vaticano. "Afirmo apenas que não se deve levá-lo a sério e acreditar que contenha qualquer coisa de verdade", acrescentou.
Monsenhor Castrillón Hoyos explicou pessoalmente ao Papa, em meados de janeiro, que o texto havia sido entregue a ele pelo arcebispo de Palermo, Paolo Romeo, por sua vez, teria tido acesso ao documento durante uma viagem à China, em novembro passado.
O documento não dá nenhum elemento sobre os participantes num eventual complô nem sobre o local ou o momento onde o Papa poderia ser assassinado.
Monsenhor Romeo, também afirmou, numa nota, que as afirmações não têm fundamento algum.
Segundo outras revelações do documento, a que Monsenhor Romeo teve acesso, Bento XVI teria uma relação conflituosa com o cardeal secretário de Estado (o número dois do Vaticano) Tarcisio Bertone, e procurava substituí-lo. Ele estaria mais inclinado ao candidato à sua própria sucessão, o cardeal de Milão, Angelo Scola.
O cardeal Scola é considerado um teólogo brilhante e muito ligado a Bento XVI.
Segundo o especialista em Vaticano Sandro Magister, o cardeal Bertone teria se oposto à designação no ano passado de Angelo Scola ao arcebispado de Milão, a maior diocese da Europa.
A divulgação do documento poderia estar inscrita numa surda luta pelo poder, com membros da administração do Vaticano querendo provocar a saída do cardeal Bertone.