Via-Sacra sem a presença do Papa no Coliseu: Jesus é a esperança da Igreja e do mundo
Para preservar a saúde, o Papa acompanhou a Via-Sacra realizada no Coliseu de Roma de sua residência no Vaticano, a Casa Santa Marta.
Segundo comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, a decisão foi tomada em vista da Vigília do Sábado Santo e da Santa Missa do Domingo de Páscoa. Trata-se da segunda vez que o Pontífice não participa pessoalmente. O mesmo aconteceu no ano passado devido ao frio intenso daqueles dias em Roma, já que o Papa se recuperava de uma bronquite aguda, que o obrigou a uma internação no Hospital Gemelli.
Não obstante a ausência do Pontífice, o evento contou a participação de cerca de 25 mil de fiéis. A cruz foi carregada por freiras de clausura, um eremita, pessoas em processo de recuperação, famílias, pessoas com deficiência ou engajadas na pastoral da saúde, migrantes, catequistas, párocos da Diocese de Roma, jovens; enfim, representantes da Igreja e da sociedade.
Pela primeira vez, Francisco assinou a autoria das meditações, intituladas “Em oração com Jesus no caminho da cruz” – um compêndio dos sofrimentos do mundo. De fato, a perspectiva utilizada pelo Papa foi a prece pelas crianças que não sorriem mais por causa da guerra, pelos cristãos humilhados pela prepotência, pelas mulheres vítimas de violência. Mas também pelos bebês não nascidos e pelos idosos descartados, e até pelos “haters” nas redes sociais. A síntese das intenções do Papa estão condensadas na “Invocação final”:
Senhor, nós Vos suplicamos como aqueles necessitados, frágeis e doentes do Evangelho que Vos invocavam com a palavra mais simples e familiar, isto é, com o vosso nome.
Jesus, o vosso nome salva, porque Vós sois a nossa salvação.
Jesus, sois a minha vida e, para não perder o rumo no caminho, preciso de Vós, que perdoais e ergueis, que curais o meu coração e dais sentido ao meu sofrimento.
Jesus, tomastes sobre Vós o meu mal e, da cruz, não me acusais, mas abraçais-me; Vós, manso e humilde de coração, curai-me do rancor e do ressentimento, libertai-me da suspeita e da desconfiança.
Jesus, olho para Vós na cruz e vejo escancarar-se diante dos meus olhos o amor, sentido do meu ser e meta do meu caminho: ajudai-me a amar e a perdoar, a superar a impaciência e a indiferença, a não me lamentar.
Jesus, na cruz tivestes sede, e é sede do meu amor e da minha oração; precisais disso para realizar plenamente os vossos projetos de bem e de paz.
Jesus, agradeço-Vos por todos aqueles que respondem ao vosso convite e são perseverantes na oração, têm a coragem de acreditar e a constância para avançar nas dificuldades.
Jesus, apresento-Vos os pastores do vosso povo santo: a sua oração sustenta o rebanho; que eles encontrem tempo para estar diante de Vós, conformem o seu coração ao vosso.
Jesus, bendigo-Vos pelas contemplativas e os contemplativos, cuja oração, escondida do mundo e agradável a vossos olhos, guarde a Igreja e a humanidade.
Jesus, trago à vossa presença as famílias e as pessoas que rezaram esta noite nas suas casas, os idosos, especialmente os que estão sozinhos, os doentes, joias da Igreja que unem os seus sofrimentos ao vosso.
Jesus, que esta oração de intercessão alcance as irmãs e os irmãos que, em muitas partes do mundo, sofrem perseguições por causa do vosso nome; aqueles que sofrem o drama da guerra e quantos, com a força que lhes vem de Vós, carregam cruzes pesadas.
Jesus, com a vossa cruz fizestes de todos nós um só: uni os crentes em comunhão, infundi sentimentos fraternos e pacientes, ajudai-nos a colaborar e a caminhar juntos; guardai a Igreja e o mundo na paz.
Jesus, juiz santo que me chamareis pelo nome, livrai-me dos juízos temerários, da crítica e das palavras violentas e ofensivas.
Jesus, antes de morrer dissestes «tudo está consumado» (Jo 19, 30). Incompleto como estou, não poderei dizer o mesmo; mas confio em Vós, porque sois a minha esperança, a esperança da Igreja e do mundo.
Jesus, quero dizer-Vos ainda uma palavra e ficar repetindo-a: obrigado! Obrigado, meu Senhor e meu Deus.
Assim como no ano passado, a bênção final foi concedida pelo vigário do Papa para a Diocese de Roma, card. Angelo De Donatis.