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Cardeal Joseph Zen: “Não se dialoga com quem não quer dialogar”

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“Me permiti sugerir ao Papa Francisco nas páginas do Corriere della Sera que se Pequim o convidar a ir à China, o pontífice deve ter cuidado porque, atualmente, eles não têm intenção sincera de dialogar”, disse o Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong em entrevista à agência Asia News.

O prelado disse ter recordado ao vaticano o método mentiroso de diálogo dos comunistas chineses. “Em outras ocasiões escrevi a Roma recordando-lhes o método usado pelos comunistas chineses para vencer os nacionalistas: é o diálogo! Fingiram que dialogavam, mas enquanto dialogavam combatiam e conquistavam”.

Mons. Ma Daqin, que está em prisão domiciliar há dois anos por ter pedido para sair da Associação Patriótica, é um dos nomes de mártires vivos que o card. Zen cita nesta entrevista. O card. Zen falou que Mons. Daqin enviou uma mensagem para ser enviada ao Papa Francisco: “que não tenha medo de dizer a verdade, sem preocupar-se da situação de Ma. ‘Não se preocupem comigo, preocupem-se pela verdade’.

E como dialogar com quem não quer dialogar? “Na China destroem igrejas; eliminam cruzes; publicaram o “livro azul” onde afirmam que a religião é uma ameaça para a sociedade socialista… é uma situação que não incentiva o diálogo”, diz o prelado.

“A minha impressão é que onde existe um clero numeroso e unido, a Igreja consegue resistir. Mas é preciso incentivá-los. Por isso, esperamos que a Santa Sé não se iluda com o diálogo, mas confie na clareza, na verdade, incentivando o testemunho dos fieis”.

“Além do mais, do que temos que ter medo? Temos medo de que rompendo o assim chamado diálogo, o governo comece a ordenar bispos ilícitos. E então? Estes permanecem excomungados e os fieis os evitam! E por que ter medo de ordenar bispos clandestinos? Porque se teme que ordenando-os, eles sejam colocados nas prisões? Mas, são eles mesmos que afirmam que não temem. Eles só têm medo de que Roma fique em silêncio, e ficam sem saber se estão fazendo bem ou mal… é necessário clareza para ser fieis aos princípios da Igreja. O povo de Deus na China tem direito à clareza”, argumentou.

O prelado, porém, afirma que é preciso fazer todo o possível para o diálogo, mas se esse não é possível, é “preciso atuar rápido porque a nossa Igreja está perecendo”.

 

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