Vaticano extingue outra congregação religiosa porque “rezam muito”
As irmãs foram acusadas, sobretudo, de uma espiritualidade considerada muito “tradicional”. O Grande Inquisidor da Congregação para os Religiosos, o franciscano José Rodríguez Carballo, braço direito e homem de confiança do actual Pontífice reinante para este tipo de “cozinhados”, e o homem da mais clamorosa crise financeira jamais vivida pelos franciscanos, atacou novamente.
Um episódio semelhante aos já vividos pelos Franciscanos da Imaculada, ainda comissariados após seis anos, pela Familia Christi, pela Fraternidade dos Santos Apóstolos e assim por diante. Mas quem é que mataram para serem tratados assim? Até agora um formato habitual no regime vigente. Parece verdadeiramente estranha e inexplicável a operação a que, provavelmente, não serão estranhos os apetites dos bispos pelas propriedades da pequena congregação.
As Pequenas Irmãs de Maria Mãe do Redentor cuidam de idosos, colaboram na pastoral das paróquias, ajudam os pobres e vivem uma espiritualidade considerada, hoje no Vaticano, demasiado “clássica”, isto é: amor à adoração da Santíssima Eucaristia, oração fervorosa de intercessão e devoção filial a Maria. As irmãs foram visitadas, em 2009, por decisão do Bispo de Laval, que os leigos que apoiam as irmãs acusam de ter um certo interesse na administração das suas propriedades. Mas a iniciativa não foi bem-sucedida. Em 2016, com Braz de Aviz e Carballo, uma nova visita. Já não, ou não apenas, por razões administrativas, mas pela séria suspeita de tradicionalismo ou classicismo, como dizem os franceses. As irmãs têm sido acusadas de ter graves problemas de governo, embora pareça que a maioria das irmãs tenha testemunhado maravilhas da superiora, de imobilismo, de desconhecimento da “nova teologia da vida consagrada” e de outros graves delitos como o da excessiva oração…
As superioras, exiladas noutros conventos, foram acusadas de “autoritarismo desviante”, e às irmãs foi pedida a obediência sem apelo, «sem – dizem – que a preocupação de uma recta consciência tenha uma palavra a dizer, e sem que nunca nos sido explicado o mínimo fundamento objectivo de todas estas medidas romanas: assim haveria dois pesos e duas medidas». As irmãs rejeitaram as acusações como falsas e inventadas pelos visitadores. Os comissários e a Congregação deram-lhes razão, pelo menos em parte, mas mantiveram as medidas tomadas; isto é, confirmam a ação.
As irmãs apelaram àquele que era o Supremo Tribunal de Justiça na Igreja, a Assinatura Apostólica, agora, com a administração do diplomata Mamberti, evidentemente incapaz de ir contra vontades superiores, que confirmou a sentença do Dicastério. Mas as irmãs decidiram não aceitar o que, para elas e não apenas para elas, parece uma injustiça evidente e tornaram pública a sua decisão: «No dia 17 de Setembro de 2018, o Cardeal Prefeito da Congregação para os Religiosos, Mons. Braz de Aviz, escreveu-nos um ultimato: ou aceitamos o Comissário “sem reservas” ou não o aceitamos, caso em que a lei prevê que podemos ser expulsas do Instituto».
Depois, então, as irmãs escreveram: «Depois de termos adquirido a certeza moral, ao longo deste ano, que o acolhimento do comissário apostólico no interior do nosso Instituto causaria danos sérios e certos, no mais ou menos longo prazo, tanto nos termos que dizem respeito à compreensão do carisma dado por Deus à Madre Maria da Cruz, nossa Fundadora, como na maneira como o vivemos; depois de termos proposto, muitas vezes, soluções de apaziguamento, sem que nos tenha sido dada qualquer resposta; após consulta a pessoas autorizadas e competentes; depois de termos rezado muito e sempre querendo permanecer fiéis e obedientes à verdade, pareceu-nos que não tínhamos outra escolha a não ser renunciar aos nossos votos».
Entretanto, em Laval, foi constituído um Comité de apoio às religiosas, que tem quase três mil pessoas, e tem voz no seguinte site: www.soutienpsm.com.
Tudo isto ocorre num País em que a situação das vocações é, dizendo o mínimo possível, desastrosa e onde a questão dos abusos clericais está, aos poucos, a emergir em toda a sua gravidade. E a Santa Sé permite-se realizar operações inexplicáveis conduzidas com uma violência e uma determinação que teriam sido muito mais adequadas noutras situações e por culpas reais.