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TRECHOS DO LIVRO INTITULADO “COMPREENDER A IGREJA HOJE”, DO CARDEAL JOSEPH RATZINGER

Paramentos Litúrgicos

 

ENVIADO PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANO 

 

 

O livro traz um texto redigido pelo então Cardeal Ratzinger para um curso de Teologia que aconteceu no Rio de Janeiro em 1990. Além disso apresenta a conferência que o Cardeal Ratzinger pronunciou em outubro do mesmo ano. A obra mostra muitas das principais idéias do então teólogo sobre o ministério episcopal e papal, bem como sobre a estrutura da Igreja Católica.

“ O grupo dos 72, do qual São Lucas nos fala, completa o simbolismo : setenta ou setenta e dois era, segundo a tradição judaica, o número das nações ( não judias ) do mundo.”
 
“ O Corpo do Senhor, que é o centro da ceia do Senhor , é o templo novo e único que funde os cristãos em uma unidade muito mais real do que aquela que um templo de pedra poderia oferecer.”
 
“ … podemos dizer que a Eucaristia, enquanto origem e centro permanentes da Igreja, une  os “ muitos” que agora se tornam povo em união com o único Senhor e Seu Corpo uno e único, de onde, consequentemente, resultam a unidade da Igreja e sua unidade.”
 
“ Essa comunidade só se concretiza na dinâmica da congregação que provém do Cristo e é sustentada pelo Espírito, cujo centro é o Senhor, que se dá em seu próprio Corpo e em seu próprio Sangue.”
 
“ Não é de se estranhar que na atmosfera da época pós-conciliar os exegetas católicos também, se tenham distanciado cada vez mais da origem jesuana destas palavras.”
 
“ Podemos dizer que a Igreja surgiu quando Jesus deu Seu Corpo e o Seu Sangue sob as espécies do pão e do vinho, dizendo: “ Fazei isso em memória de mim.” Isso corresponde dizer que a Igreja é a resposta a este mandato, ao poder e à responsabilidade que lhe são conferidos. A Igreja é Eucaristia.”
 
“ A  Igreja , ou é católica, ou não existe.”
 
“ … nos séculos IV e V os donatistas começaram a criar uma espécie de Igreja africana particular, que não queria estar mais em comunhão com toda a Igreja Católica, Optato de Mileve reagiu decididamente contra a tendência de formar          “ duas Igrejas” , a qual ele opôs comunhão com todas as províncias como distintivo da verdadeira Igreja.”
 
“ A imagem do sacerdócio católico, tal como foi validamente definida pelo Concílio de Trento e reafirmada e aprofundada pelo Concílio Vaticano II à luz da Bíblia, entrou em crise profunda depois do Concílio.”
 
“ Certamente, o grande número daqueles que abandonaram o sacerdócio, assim como a diminuição dramática das vocações ao sacerdócio em muitos países não se explicam somente por razões teológicas. No clima de abertura criado pelo Concílio Vaticano II os antigos argumentos da  época da reforma em conexão com uma exegese que largamente se inspirava em pressupostos protestantes, adquiriram subitamente uma evidência a qual a teologia católica não soube contrapor respostas suficientemente fundamentadas.”
 
“ Eucaristia e a pregação não podem ser separadas uma da outra.”
 
“ No sacramento o ministro dá o que ele próprio não é capaz de dar, ele faz o que não provém dele mesmo, ele é o portador de uma missão, sendo depositário de algo que outro lhe confiou. Por isto ninguém se pode auto-proclamar sacerdote, por isto nenhuma decisão da comunidade pode instituir alguém  no sacerdócio, só do sacramento se pode receber aquilo que é de Deus , a missão de ser mensageiro e instrumento de outrem.”
 
São Gregório Magno : “ Que são os santos varões senão rios que irrigam a terra…? Contudo, em breve eles secariam… se não voltassem ao lugar de onde partiram . Com efeito, se não voltarem para o interior do coração e não se atarem com vínculos de ardente desejo ao amor do Criador… a língua em breve secará, ma sob o impulso do amor, voltam sempre ao seu interior, e o que eles derramam em público… haurem … da fonte do amor. É amando que eles aprendem aquilo que anunciam ensinando.”
 
“ A Igreja não é uma democracia. Ao que parece, ela ainda não incorporou na sua constituição aquele patrimônio de direitos à liberdade que o iluminismo conquistou e desde então foi reconhecido como a regra fundamentalmente das formações políticas e sociais. Este caminho – assim o afirmam – conduz da Igreja assistencialista à Igreja Comunidade. Ninguém deve ser mais receptor passivo dos dons próprios da existência cristã. Pelo contrário, todos devem ser sujeitos atuantes. A Igreja já não deve ser aplicada de cima para baixo. Não! Somos nós mesmos que a faremos e a faremos sempre nova. Assim ela se tornará finalmente a “nossa” Igreja e nós seremos os responsáveis por ela. O aspecto passivo dá lugar ao aspecto ativo. A Igreja surge através de discussões, compromissos e decisões. Cunham-se novas fórmulas de fé abreviadas.”
 
“ Mas esta obra de reforma , através da qual agora afinal a auto gestão democrática se introduz, mesmo ao interior da Igreja substituindo qualquer imposição hierárquica, logo suscita várias questões. Quem tem agora propriamente o direito de tomar decisões? Com base em quê isso se faz? Na democracia política este problema se resolve com o sistema da representação. Existe, no entanto, um problema geral, mais importante em relação a este ponto. Tudo o que os homens fazem pode ser anulado pelos outros. Tudo que uma maioria decide pode ser revogado por outra maioria. Uma Igreja que se baseia nas decisões da maioria torna-se uma Igreja meramente humana , reduz-se ao nível do factível, do plausível, do que é fruto de meras opiniões . A opinião substitui então a fé.”
 
“ Não precisamos de uma Igreja mais humana, precisamos de uma Igreja mais divina, que será então realmente humana.”
 
“ A Igreja não existe para nos  manter ocupados como uma instituição mundana, nem para se conservar, ela existe, para ser em todos nós abertura e passagem para a vida eterna.”
 
“ Encontramos a mesma coisa, de novo, na última ceia, onde a partir do Corpo de Cristo e no Corpo de Cristo é inaugurada a nova comunidade. Esta se torna possível porque o Senhor derramou Seu Sangue “ por muitos para remissão dos pecados.”
 
“ Eis os padres que tiram o pecado do mundo. Segundo esses “moralistas” simplesmente não existe mais culpa. Naturalmente, esta maneira de libertar o mundo é demasiadamente banal, os homens assim libertados sabem muito bem que isto não é verdadeiro, que existe o pecado, que eles próprios são pecadores e que deve existir uma forma eficaz de superar o pecado. O próprio Jesus não chama aqueles que já se libertaram por si mesmos e que por isto ,  como acreditam , não precisam Dele. Ele chama aqueles que sabem que são pecadores e por isso Dele precisam. A moral só conserva sua seriedade, quando existe o perdão verdadeiro e eficaz, ao contrário ele recai em um puro condicional vazio, mas só existe verdadeiro perdão, se se pagou “ um preço”, um valor correspondente, se houve desagravo pela culpa, se existe expiação.”
 
“A Igreja não é somente um pequeno grupo de ativistas que se reúnem em um certo lugar para por em movimentos algumas atividades comunitárias.”
 
“ A Igreja também não é apenas o grupo daqueles que se reúnem aos domingos para celebrar a Eucaristia . Enfim , a Igreja é mais do o Papa, bispos e sacerdotes, portadores do mistério sacramental.”
 
“ Se eu me declaro por um partido, este se torna, por isto mesmo, o meu partido. Ora, a Igreja de Jesus não é minha, mas sempre Sua Igreja.”
 
“ O princípio do qual surge um clube é o próprio gosto, mas o princípio sobre o qual se funda a Igreja , é a obediência ao chamado do Senhor.”
 
“ A Fé não é a escolha de um programa que me convém ou o ingresso em um clube no qual me sinto compreendido. A fé é conversão que muda a minha pessoa e meus gostos ou pelo menos os torna secundários. Meus gostos  e minha vontade. A fé atinge uma profundidade inteiramente diversa daquela da escolha que me liga a um partido.”
 
“ Temos dificuldade em conceber a fé a não ser à maneira de uma opção por uma causa que nos agrada e pala qual gostaríamos de nos emprenhar. Mas em tudo isso os agentes somos apenas nós mesmos , somos nós que construímos a Igreja , somos nós que tentamos melhora-la e transforma-la em uma casa habitável. Nós queremos oferecer programas e idéias que sejam simpáticas ao maior numero possível de pessoas. No mundo moderno simplesmente já não pressupomos que é Deus quem toma a iniciativa e age. Trocamos a Igreja por um partido e a fé por um programa partidário. Não se rompe o círculo de nossa própria vontade e de nossos próprios gostos.”
 
“ A Igreja , portanto não é um clube , não é um partido, nem um estado religioso dentro do estado terrestre, mas um Corpo de Cristo.”
 
“ A Igreja será tanto mais a pátria do coração para os homens, quanto mais escutarmos o Senhor e quanto mais ela viver do Senhor, de Sua Palavra e dos Sacramentos, que Ele nos legou. A obediência de todos a Ele será garantida de nossa liberdade.”
 
“ tudo tem conseqüências muito importantes para o ministério sacerdotal. O sacerdote de velar atentamente para não construir sua própria Igreja.”
 
“ Hoje em dia existe o grande perigo de se dividir a Igreja em partidos religiosos que se agrupam em torno de mestres e pregadores.”

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